domingo, 27 de novembro de 2011

Pintura de Renoir com Glycerine

Não deixe os dias passarem,
Glicerina.

Pinte um quadro.
Não tome morfina.

Não veja o fundo branco
Quando está cinza.

Já fazia Renoir
Pra sua menina.

Se borrou com escuro,
Dá pra consertar.
Bote no pincel
Uma cor pra enfeitar.

Cada lágrima de agora
Tenho tinta pra secar.
Pra cada gota em azul,
Um lindo barco junto ao mar.

Le Moulin vai tá em festa
Quando seu rosto entender
Que cada toque em mel
É o meu olhar pra você.

Nosso velho amigo medo,
Você e eu,
Glicerina,
Vou cobrir em tom vermelho
E por fim,
Quando for ao espelho
Verá o reflexo da minha pintura,
Verá toda ternura.

Eu nunca vou esquecer
Onde você está.
Pois dentro de mim
Voce é a pintura
Que pra sempre vai ficar.
Um caminho,
Um ciclo
Desaparece na escuridão.
Mas as vezes,
Do escuro se ascende uma luz
Que ilumina o que não víamos mais.

Uma história,
Um conto
Que não sobrou páginas.
Mas as vezes,
De um livro escrito
Fazemos o segundo capítulo.

A vida deve mesmo ser uma incógnita.
A gente imagina estar pra sempre junto
E, de repente
Está sozinho.

A gente se abraça, se beija
E dá adeus em seguida.

A vida deve ser mesmo uma aula
Das mais difíceis.

A felicidade é a mesma da física
Quando se resolve o problema mais difícil,
Quando se encontra o caminho
Que desmorona o obstáculo,
Quando se enxerga o que estava escondido
Por trás do esboço.


Basta fechar os olhos e lembrar
De cada passo que foi dado
De cada erro marcado
E cada beijo roubado,
Pra saber
Que todo medo vai virar sorriso.
Que todo tempo vai virar historia.
Que a espera pode ser glória.
Que amar é ficar junto.
Que enrolar é ficar mudo.
Que o encontro
É pra quem amou desde o primeiro ao último beijo.
A vida é um encontro pra quem escolhe se encontrar.
Todo bom encontro é um sonho
Que eu não quero acordar.
A vida é amar
E de fato,
Eu amo.